No mesmo ano em que
seu irmão se formou engenheiro, Gilberto decidiu que seria escritor. Faria 18
anos dali a alguns meses e logo seu pai o faria decidir entre a toga de juiz e
o jaleco de médico. Só podia ser doutor. Escrevia seu sonho em silêncio, pois
sua voz o traía, e aguardava paciente pelo momento de libertação. Quando enfim
deu vazão em palavras faladas às suas inquietações, em fúria disse seu pai
“prefiro morto”. Gilberto morreu para sua família e hoje vive do que escreve e
do que escreveram os outros. Quando se lembra daquele momento e das palavras
que disse com a voz trêmula, se arrepende. Deveria ter escrito.
Ludine Alves, Graduanda
em Letras Vernáculas com uma língua estrangeira, turma 3.
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