sábado, 2 de dezembro de 2017

Sombra Coletiva (Crônica)


Quando era criança, lembro-me de nunca passar uma hora mais prazerosa com meu pai do que quando ele tentava ver as notícias e eu o enchia de perguntas. Apesar da inocência daquela época, tinha muita curiosidade sobre como as coisas funcionavam e porque eram do jeito que eram.  Certa feita, meu herói de capa estava sentado no sofá, um grande charuto em suas mãos, assistindo o costumeiro jornal das dez, quando resolvi contar para ele o que havia aprendido na escola naquele dia.
-Hoje aprendi sobre as sombras, papai. Na verdade, fiquei curioso e perguntei à Márcia o que as sombras eram. Mas não entendi direito.
Sem ao menos tirar os olhos do aparelho televisor, ele respondeu automático:
-Sombra é uma imagem mal feita da gente, filho. Faz tudo que nós fazemos, mas sem escolher o que fazer.
Apesar de ter sido automática, e para se livrar da minha chatice habitual, essa resposta perturbou minha mente por vários dias.  No dia seguinte, devido a uma falta d’água, meu pai me levou para o trabalho com ele.
Às 07h00, entramos no ônibus exatamente com as outras pessoas faziam.
Depois, quando soltamos, corremos para entrar numa fila de pessoas, todas vestidas de modo muito parecido, aparentemente para dizer que estávamos lá.
Logo após ficarmos sentados atrás de uma mesa de escritório durante 10 horas, assim como outras dezenas de pessoas naquele recinto da empresa, saímos apressados para repetir o processo da manhã.
Após a chegada, e após a higiene e alimentação habituais, sentamos os dois no sofá, para completar o que parecia um ritual sincronizado entre os adultos.
Como ainda não estava satisfeito com uma coisa que estava martelando na minha cabeça desde o início da manhã, no ônibus, indaguei:
-Pai, seres humanos podem se tornar sombras?
Como em repetição do que havia acontecido na noite anterior, sem tirar os olhos do jornal, o progenitor, sem dar muita atenção á minha pergunta, respondeu:
-Claro que não, menino.
-Então por que você é sombra de tantas pessoas?
Mesmo tendo sido sem querer, pela primeira vez, consegui fazer meu pai prestar atenção a alguma pergunta minha.
 Se se passaram vários dias.... fica estranho ser no dia seguinte
 O último diálogo e a frase final que dá o desfecho, não parecem que estão em relação direta. Precisa resolver esta passagem da conversa do pai com o filho. A resposta profunda que o filho deu ao pai... com o que fecha o texto. Veja que não sabemos como o pai ficou depois da fala filosófica da criança: pensativo? Reflexivo? Bravo? Contente? Como o pai agiu?




Fernando Queiros - Graduando Turma 3

Um comentário:

  1. Olá, acho que vc tem uma boa história pra contar. Me parece que o último parágrafo são as considerações do professor? Não sei de quem são precisamente, mas concordo que o final ficou muito aberto, precisava de um fechamento. O que o pai fez com aquela pergunta? E outra pergunta, os momentos prazerosos da criança com o pai eram justamento nas vezes em que ele não prestava atenção nela e se chateava de ser interrompido?

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