Quando era criança, lembro-me de nunca passar uma hora mais
prazerosa com meu pai do que quando ele tentava ver as notícias e eu o enchia
de perguntas. Apesar da inocência daquela época, tinha muita curiosidade sobre
como as coisas funcionavam e porque eram do jeito que eram. Certa feita, meu herói de capa estava sentado
no sofá, um grande charuto em suas mãos, assistindo o costumeiro jornal das
dez, quando resolvi contar para ele o que havia aprendido na escola naquele
dia.
-Hoje aprendi sobre as sombras, papai. Na verdade, fiquei
curioso e perguntei à Márcia o que as sombras eram. Mas não entendi direito.
Sem ao menos tirar os olhos do aparelho televisor, ele
respondeu automático:
-Sombra é uma imagem mal feita da gente, filho. Faz tudo que
nós fazemos, mas sem escolher o que fazer.
Apesar de ter sido automática, e para se livrar da minha
chatice habitual, essa resposta perturbou minha mente por vários dias. No dia seguinte, devido a uma falta d’água,
meu pai me levou para o trabalho com ele.
Às 07h00, entramos no ônibus exatamente com as outras
pessoas faziam.
Depois, quando soltamos, corremos para entrar numa fila de
pessoas, todas vestidas de modo muito parecido, aparentemente para dizer que
estávamos lá.
Logo após ficarmos sentados atrás de uma mesa de escritório
durante 10 horas, assim como outras dezenas de pessoas naquele recinto da
empresa, saímos apressados para repetir o processo da manhã.
Após a chegada, e após a higiene e alimentação habituais,
sentamos os dois no sofá, para completar o que parecia um ritual sincronizado
entre os adultos.
Como ainda não estava satisfeito com uma coisa que estava
martelando na minha cabeça desde o início da manhã, no ônibus, indaguei:
-Pai, seres humanos podem se tornar sombras?
Como em repetição do que havia acontecido na noite anterior,
sem tirar os olhos do jornal, o progenitor, sem dar muita atenção á minha
pergunta, respondeu:
-Claro que não, menino.
-Então por que você é sombra de tantas pessoas?
Mesmo tendo sido sem querer, pela primeira vez, consegui
fazer meu pai prestar atenção a alguma pergunta minha.
Se se passaram vários
dias.... fica estranho ser no dia seguinte
O último diálogo e a
frase final que dá o desfecho, não parecem que estão em relação direta. Precisa
resolver esta passagem da conversa do pai com o filho. A resposta profunda que
o filho deu ao pai... com o que fecha o texto. Veja que não sabemos como o pai
ficou depois da fala filosófica da criança: pensativo? Reflexivo? Bravo? Contente?
Como o pai agiu?
Fernando Queiros - Graduando Turma 3
Olá, acho que vc tem uma boa história pra contar. Me parece que o último parágrafo são as considerações do professor? Não sei de quem são precisamente, mas concordo que o final ficou muito aberto, precisava de um fechamento. O que o pai fez com aquela pergunta? E outra pergunta, os momentos prazerosos da criança com o pai eram justamento nas vezes em que ele não prestava atenção nela e se chateava de ser interrompido?
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