sábado, 2 de dezembro de 2017

A pesca em Tubarão (Crônica)

Na infância gostava de ouvir minha avó contar histórias. Uma que lembro até hoje, segundo ela, aconteceu em Tubarão, bairro onde moro, na maré próximo a nossa casa. 

 Ramos acordou cedo, tomou seu café, conferiu seus materiais de pesca e saiu em direção a maré. Passou por outro pescador que levava sua pequena rede até um barco e falava sozinho:
 – Isso aqui já foi bom, rapaz. Agora a gente acorda 5 horas da manhã e já não pega quase nada.
Ramos continuou seu caminho, seu colega o estava esperando próximo ao barco. Eles, assim como outros pescadores conhecidos, tinham o hábito de usar explosivos como bananas ou espoletas de dinamite. Um deles solta o explosivo e o outro mergulha para buscar o peixe. Eles se afastam da praia enquanto jogam conversa fora e Ramos fuma seu charuto barato. Ouve-se uma explosão que aconteceu não muito longe dali. Nas casas de estrutura antiga, próximo da beira-mar, os moradores sentem o tremor. Peixes menores morrem, mas esses não são de interesse dos pescadores, então são deixados boiando.
Eles se preparam para começar a pesca após passarem pelo que resta dos arrecifes da beira-mar, destruídos por bombas anteriores, sabendo que os barcos de fiscalização quase não passam por ali. Ramos acende o estopim, enquanto seu colega que irá buscar o peixe observa à sua volta. Ao se preparar para o barulho da explosão o colega de Ramos percebe um pouco tarde que é o charuto que não está mais no barco.


Graziele Silva de Jesus – Graduanda em Letras Vernáculas com uma Língua Estrangeira


3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Boa crônica narrativa. Gostei como a autora trabalha o cotidiano, a crítica e o humor em seu texto. A imagem está de acordo com a crônica.

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  3. Olá, acho que sua história é legal, mas eu não incluiria o parágrafo inicial, pois não achei que acrescenta nada à ela, vc não retoma isso depois. Já podia começar na narrativa mesmo.
    E o final, acho que ficou confuso, tive de reler, e mesmo assim achei dúbio, pois o fato de o charuto não estar mais no barco significa que Ramos acendeu o fumo como bomba e o jogou no mar? Nesse caso, não há perigo nem nenhuma tensão real ao fim da história...

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